APRIMORAMENTO MORAL
Allan Kardec — Cap. XX— item 227
O livro dos Médiuns assim leciona a respeito do tema: ―... para se comunicar, o Espírito estranho se identifica com o Espírito do médium;...A alma exerce sobre o Espírito estranho uma espécie de atração ou de repulsão, segundo o grau de sua similitude ou dissimilitude; ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus; donde se segue que as qualidades morais do médium têm uma influência capital sobre a natureza dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio.
O livro dos Médiuns prossegue enumerando as qualidades que atraem de preferência os bons Espíritos, que são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. E as imperfeições morais, como o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade, as paixões que prendem o homem a matéria, afastam os Espíritos bons e atraem os maus.
Assim, sob o ponto de vista da assistência espiritual, o fator moral é indispensável. Os médiuns moralizados contam com o amparo de Espíritos Superiores. Claro que o médium moralizado não é o médium santificado, pois basta que tenha a vida de um homem de bem, isto é, que seja humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso, trabalhador e desinteressado.
Como enfatiza J. Herculano Pires, no Livro Vida e Comunicação onde fala da Mediunidade, no Cap. IX, ―não seria possível que uma doutrina de elevação e aprimoramento do homem, - como o Espiritismo, deixasse de produzir um tipo de moral. O aparecimento da moral mediúnica logo se fez sentir, orientada nos rumos superiores da Moral Cristã. E esclarece que é, sobretudo no Livro dos Espíritos e no Evangelho Segundo Espiritismo, que são encontradas as leis de Moral Mediúnica.
O médium deve sempre lembrar-se que Jesus, o mestre da vida, destacou a importância fundamental da elevação interior do homem. E que exortou a todos a desenvolverem e aprimorarem as qualidades virtuosas que adornam os seus corações.
O Espírito da Verdade no Cap. XVII, nº 8 do Evangelho Segundo Espiritismo, ensina que: ―A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso.
Nas escolas de Aprendizes do Evangelho, em São Paulo, são sugeridas regras de conduta para facilitar o trabalho de auto-purificação. Que elas possam também inspirar o médium no esforço pela Reforma Íntima que a todos obriga nos caminhos do progresso moral e espiritual:
―Manter rigor progressivo nos esforços de melhoria, a começar no lar doméstico, onde agirá de forma compreensiva, tolerante, bondosa, controlando palavras, gestos e impulsos menos dignos, até que a conduta se torne espontânea e natural;
Fugir de atritos, discussões, comentários malévolos, disputas sobre o que for, cedendo sempre que possível a tudo o quanto não prejudique a terceiros ou ao seu trabalho;
Intervir como elemento conciliador sempre que necessário evitando, porém, interferências não solicitadas ou impositivas;
Tratar a todos com bondade e paciência invariavelmente;
Ser justo e enaltecer as virtudes, sem ferir aqueles que as não possuem;
Fazer o bem sem ostentação, aconselhando, protegendo, ensinando, ajudando, mas, sobretudo esclarecendo espiritualmente, pois que esta é a maior dádiva e a que tem realmente força para transformar moralmente os homens;
Ser sempre um exemplo vivo de boa conduta e sentimentos elevados, no lar e fora dele, para que possa merecer confiança e respeito;
Semear sempre a boa semente, sem preocupação de resultados imediatos;
Realizar esforços permanentes de melhoria, porque há sempre falhas a corrigir, coisas novas a conquistar vivendo, como vivemos em um mundo inferior;
Não se preocupar em demasia com acessos a cargos, posições ou bens materiais, porque o que cabe a cada um de nós a seu tempo nos virá às mãos, da parte do Doador Eterno;
Aperfeiçoar e desenvolver em si mesmo capacidades intrínsecas e energias potenciais, visando tarefas e responsabilidades futuras;
Ter presente que a evangelização é um estado íntimo e não uma suposição de ser o que realmente não é, ou manter aparência ilusória de situação interna que não existe;
Ser verdadeiro em tudo e buscar perfeição espiritual com todo afam, enquanto viver;
Compreender que nada vem do exterior que possa substituir o esforço próprio, vindo do mais íntimo da alma e da consciência despertada pelo anseio de purificação;
Considerar que o passado de erros e acertos fez o presente, um estado já mais avançado, donde pode, como aprendiz, lançar-se agora, sob o escudo do Evangelho, a mais altas esferas de atividade espiritual; que as raízes do passado são irremovíveis, a não ser pelos resgates de sofrimento e pelos trabalhos em benefício dos semelhantes, que a evangelização favorece.